
Rodrigo Martins Cintra assume hoje um dos cargos mais desafiadores da arbitragem brasileira. Com um histórico respeitável como gestor, ele chega à CBF em um momento que exige muito mais do que simples ajustes. O cenário atual pede uma reconstrução completa, uma nova filosofia de trabalho e uma renovação real nos quadros que comandam o setor. Caso contrário, sua gestão corre o risco de ser apenas mais do mesmo.
A permanência de nomes ligados à antiga comissão é um dos pontos que precisam ser revistos com urgência. Se a proposta é modernizar e melhorar a arbitragem, por que insistir nas mesmas figuras que já estavam no comando quando os problemas se acumularam? O setor precisa ser oxigenado, com profissionais que tragam novas ideias e estejam alinhados a um modelo mais transparente e eficiente.
Outro desafio crítico é a gestão do VAR, que no Brasil se transformou em um grande fracasso. O que deveria ser uma ferramenta para garantir mais justiça ao jogo se tornou um fator de desorganização e desconfiança. Erros constantes, critérios inconsistentes e uma aplicação questionável da tecnologia demonstram que o problema não está apenas na ferramenta, mas sim na forma como ela é gerida. Se Martins Cintra quer realmente marcar sua passagem pela CBF, precisa reformular essa estrutura desde a base.
Além disso, a escolha do “sindicalista” Marcelo Van Gasse para compor a comissão de arbitragem levanta dúvidas. Como ex-presidente da ABRAFUT, Van Gasse se posicionava como defensor da classe dos árbitros, mas abriu mão do cargo para integrar a CBF. Isso reforça um debate importante: a ABRAFUT, cuja real utilidade ainda é desconhecida, teria servido apenas como um trampolim para cargos maiores? Se Cintra deseja fazer diferente, precisa garantir que sua equipe esteja comprometida com a renovação e não apenas com a manutenção do poder e projetos pessoais.

A CBF, sob a presidência de Ednaldo Rodrigues, merece reconhecimento pela tentativa de modernizar a arbitragem. Mas as mudanças precisam ser profundas e estruturais. Se Cintra não tiver coragem para tomar decisões firmes, sua gestão correrá o risco de ser mais uma passagem sem impacto.
O futebol brasileiro exige renovação, e a arbitragem precisa acompanhar essa evolução. Agora, cabe a Rodrigo Cintra decidir se será o líder dessa transformação ou apenas mais um nome na lista dos que passaram sem deixar legado.