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Arbitragem da CBF: fim dos apadrinhamentos e início da cobrança por resultados

Reformulação expõe fragilidades da gestão anterior e exige mais qualificação dos novos escolhidos

Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues promete uma revolução na arbitragem com investimentos e profissionalização em dois anos

A arbitragem brasileira passa por uma transformação profunda com a chegada de Rodrigo Cintra à Comissão de Arbitragem da CBF. Diferente de gestões anteriores, onde escolhas eram pautadas por critérios pouco claros e a política se sobrepunha à competência, Cintra tem carta branca para reformular a estrutura e implementar uma gestão baseada em resultados.

As mudanças já começaram, e o que se vê é uma clara tentativa de corrigir falhas do passado. Uma das decisões mais surpreendentes foi a permanência de Péricles Bassols à frente do VAR. Durante sua gestão, o árbitro de vídeo acumulou erros graves e gerou insatisfação generalizada entre clubes, jogadores e torcedores. Agora, Bassols ganha uma sobrevida, mas sua permanência será diretamente condicionada ao desempenho do setor. Caso as falhas continuem, a troca poderá ser imediata.

Entre as demissões, destacam-se Perassi, Hilton Moutinho, Giuliano Bozzano e Regildênia de Holanda, cortes que sinalizam uma tentativa de renovação. No entanto, a grande surpresa foi a manutenção de Ítalo Medeiros, que ocupa um cargo burocrático ligado às estatísticas da arbitragem. Além de não impactar diretamente no rendimento dos árbitros dentro de campo, sua função representa um custo significativo para a CBF. A sua continuidade levanta questionamentos sobre a real necessidade dessa posição em um momento onde eficiência e corte de gastos deveriam ser prioridades.

Se algumas permanências geram dúvidas, a principal novidade da nova gestão foi uma escolha acertada: Luiz Carlos Câmara. O ex-bandeirinha da CBF e policial civil assume um papel fundamental dentro da arbitragem nacional. Conhecido por sua discrição e capacidade técnica, Câmara chega para reforçar o setor de controle e fiscalização. Sua presença dará maior credibilidade à estrutura de arbitragem, substituindo a antiga política de escolhas por afinidade pessoal. Já Edson Rezende, corregedor da arbitragem, permanecerá no cargo, embora esteja dedicando mais atenção à sua saúde.

Outra movimentação importante foi a ida de Fabrício Vilarinho e Luiz Flávio de Oliveira para o Rio de Janeiro. Agora ex-árbitros FIFA, ambos assumirão cargos estratégicos dentro da comissão, ao lado de Marcelo Van Gasse, este criticado no meio pelo trampolim pessoal através da apagada ABRAFUT. 

Formação e Gestão de Pessoas: Um Déficit Grave

Um dos pontos que chama atenção na nova formação da equipe é a falta de qualificação acadêmica dos escolhidos para cargos de gestão. A arbitragem brasileira precisa urgentemente de profissionais que entendam o que é gerir pessoas, descentralizar processos e estruturar equipes de maneira eficiente. Um bom árbitro em campo não é, necessariamente, um bom gestor, e a falta de preparo técnico para liderar pode resultar nos mesmos problemas das gestões passadas.

O ex-árbitro Péricles Bassols permanece à frente do Var; sua formação acadêmica é a de cirurgião dentista

A escolha de Rodrigo Cintra para comandar a arbitragem indica uma ruptura com o passado recente, mas para que a mudança seja real, é fundamental que sua equipe compreenda a necessidade de estudo e atualização. A CBF não pode mais se dar ao luxo de manter dirigentes apegados ao poder e guiados por escolhas pessoais. A arbitragem brasileira precisa de profissionais qualificados, preparados e comprometidos com o desenvolvimento do setor. O momento exige mais que boas intenções—exige competência e resultado.

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